Fechamento de capital do Carrefour e os impactos nos fundos imobiliários (FIIs)

O investidor brasileiro já tem muitas preocupações no radar — entre elas, a possível tributação da receita dos fundos imobiliários. Agora, surge uma nova questão: a deslistagem das ações do Carrefour (CRFB3) na B3 e seus efeitos sobre os FIIs que possuem exposição à empresa.

Mas, afinal, o que significa o fechamento de capital do Carrefour para o mercado e, mais especificamente, para os fundos imobiliários? É motivo para preocupação? Vamos analisar o cenário e entender os impactos dessa mudança.

O fechamento de capital ocorre quando uma empresa decide retirar suas ações da Bolsa de Valores e se tornar uma companhia de capital fechado. Isso significa que suas ações deixam de ser negociadas publicamente e perdem liquidez.

O processo é feito por meio de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA), na qual a empresa compra suas ações no mercado, e, caso atinja pelo menos dois terços do free float, pode prosseguir com a deslistagem. Quem não quiser vender seus papéis pode continuar como acionista, mas sem liquidez e sem a obrigação de a empresa divulgar suas informações ao mercado.

Ou seja, o fechamento de capital não significa o fim da empresa — apenas uma mudança na forma como suas ações são negociadas.

O Carrefour é um dos principais varejistas do Brasil e possui diversos imóveis alugados de fundos imobiliários. Com a saída da Bolsa, surge a dúvida: o que acontece com esses contratos e como os FIIs serão impactados?
• Os imóveis continuam alugados: o fechamento de capital não significa o encerramento das atividades do Carrefour no Brasil. A empresa segue operando suas lojas, pagando aluguel e mantendo contratos vigentes com os FIIs.
• O risco está na redução de lojas: a verdadeira preocupação para os FIIs não é a saída do Carrefour da Bolsa, mas sim a redução do número de lojas. Em fevereiro de 2024, a empresa já havia anunciado o fechamento de 123 unidades, o que pode afetar os rendimentos de alguns fundos imobiliários.
• Recolocação de imóveis no mercado: caso o Carrefour desocupe algumas unidades, os FIIs precisarão buscar novos inquilinos. No entanto, muitos desses imóveis estão bem localizados e tendem a ser absorvidos por outras redes varejistas.

Alguns fundos imobiliários possuem uma exposição relevante ao Carrefour, o que torna importante acompanhar seus desdobramentos. Veja alguns exemplos:

GARE11
• Adquiriu 15 imóveis do Grupo Carrefour (bandeira Atacadão) por R$ 725 milhões.
• A rede representa 31% da receita do fundo.

TRXF11
• Possui duas lojas alugadas para o Carrefour:
• Carrefour: 15.130 m²
• Sam’s Club: 17.474 m²

Outros FIIs

• HGRU11 e RBVA11 não possuem imóveis alugados para o Carrefour, reduzindo sua exposição ao grupo.

A maior preocupação recai sobre os fundos com alta dependência da receita proveniente do Carrefour. No entanto, esses imóveis podem ser reocupados por novos locatários em um prazo razoável, caso necessário.

Apesar do impacto inicial, não há motivo para pânico. O setor de varejo alimentar no Brasil segue forte, e os imóveis pertencentes aos FIIs continuam bem localizados. Além disso, há um histórico de reposicionamento desses ativos no mercado, o que mitiga riscos de vacância prolongada.

É fundamental que os investidores façam uma análise criteriosa da exposição de seus FIIs a grandes varejistas e busquem diversificação na carteira. A chave para reduzir riscos no mercado imobiliário é contar com um portfólio equilibrado, evitando a dependência excessiva de um único locatário.

Do ponto de vista societário, a OPA (Oferta Pública de Aquisição) deve seguir as normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), garantindo que os acionistas tenham a oportunidade de vender suas ações de forma justa. Além disso, a transação envolve governança corporativa, deveres fiduciários dos administradores e proteção dos investidores minoritários.

No âmbito contratual e imobiliário, os FIIs expostos ao Carrefour precisarão avaliar possíveis impactos nos contratos de locação. Em casos de rescisão antecipada, é essencial analisar cláusulas de multas e garantias locatícias, bem como a viabilidade de reposicionar os imóveis no mercado. A segurança jurídica dos contratos e a capacidade dos gestores dos fundos em renegociar ou realocar os ativos serão determinantes para mitigar eventuais prejuízos.

Já sob a ótica empresarial e concorrencial, a mudança no status do Carrefour pode influenciar estratégias de expansão ou retração da rede no Brasil, impactando outros players do setor varejista. A saída da Bolsa reduz a transparência das informações financeiras da empresa, o que pode afetar negociações comerciais e parcerias estratégicas.

Por fim, o caso reforça a importância de uma gestão jurídica preventiva para empresas e investidores. A devida diligência em contratos, análise de riscos regulatórios e acompanhamento da legislação societária são fundamentais para tomar decisões seguras. Escritórios de advocacia especializados podem desempenhar um papel crucial nesse cenário, assessorando clientes na avaliação de impactos e na adoção de estratégias para minimizar riscos e identificar oportunidades.

Se sua empresa ou seus investimentos podem ser afetados por mudanças como essa, entre em contato com nossos especialistas para uma análise personalizada e orientação estratégica.

A equipe do Tafelli Ritz Advogados está à disposição para tratar deste assunto e discutir estes pontos relevantes.

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